Diferencial de juros é brutal para o Brasil, diz Nogueira Batista Jr.
Escrito por: Hora do PovoEm entrevista à TV Senado, no dia 14 de fevereiro, o diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional, Paulo Nogueira Batista Jr, representante do Brasil e mais 8 países da América Latina no Fundo, afirmou que o Brasil está muito preocupado com sua economia e com setores da indústria que são atingidos com a valorização cambial e com a repercussão nas contas externas.
Segundo ele, existe uma guerra cambial provocada pelo comportamento de algumas grandes economias, de países centrais, como os EUA, que em recessão inundaram o mundo com 600 bilhões dólares. “Estão apelando, fazendo coisa do arco da velha para reativar a economia, tanto do ponto de vista monetário quanto fiscal”, disse.
Nogueira Batista destacou que uma das razões principais da invasão de capitais estrangeiros no país, fazendo com que o dólar que já vem derretendo no mundo, derreta ainda mais no Brasil, e o real se valorize mundo além das expectativas dos exportadores e dos industriais em geral, conforme destacou o jornalista Helival Rios, “é o diferencial de juros”. “A diferença do juro brasileiro e os juros dos países centrais é brutal, que aumentou agora com essa decisão do Copom. Esse diferencial torna o carry trade, a especulação com o Real, altamente atraente”.
“A bateria de medidas que a Fazenda e o Banco Central tomaram no final do ano passado e início desse ano, conseguiu-se estabilizar o dólar, em torno de 1,70, um pouco menos, mas não resolveu o problema”, disse. “O que o Brasil está fazendo é criar desincentivos à tomada de empréstimos no exterior, à entrada de capitais externos, na expectativa de que isso contenha a desvalorização. Mas, se o Banco Central anuncia o aumento da taxa de juro e que vai continuar aumentando...”.
Além da redução dos juros, Nogueira Batista defende medidas contra a guerra comercial, como o controle da entrada de capitais, medidas anti-dumping e a compensação de subsídios. “Temos que intensificar o esforço de defesa de nossa economia contra essas invasões”, ressaltou.
Para o economista, “aumentar meio, mais meio, mais meio..., vai levar o Brasil a atrair capital até da Lua, uma taxa de juro completamente discrepante do que a gente vê no resto do mundo”.
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