sexta-feira, 6 de maio de 2011

Alô, alô Tombini: inflação não se combate sugerindo moderação aos trabalhadores em campanha salarial
Em artigo, presidente da CUT critica 'vilanização dos salários'

Escrito por: Artur Henrique, presidente da CUT

Em entrevista na noite de terça-feira, 3 de maio, ao canal Globo News, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, exortou que trabalhadores e empresários, no momento das próximas negociações salariais, “olhem o que vêm pela frente em termos de inflação”. Pouco antes, ele dissera que, quando as campanhas salariais do segundo semestre de 2011 estiverem ocorrendo, haverá “um período transitório de inflação elevada”.

Em português popular, acredito que ele disse para que os trabalhadores não sejam exigentes na hora de pedir aumento salarial. Em lugar de pedir aumentos que recuperem as perdas anteriores, Tombini sugere que os trabalhadores e seus sindicatos “olhem o que vêm pela frente”, o que quer dizer, no meu entendimento, não pedir muito para não pressionar a inflação futura.

Pois eu, presidente da CUT, discordo. Há muitas maneiras de combater a inflação, mas várias confrontariam interesses muito poderosos, especialmente do setor financeiro. Tentar conter aumentos salariais é a mais injusta delas, por cortar avanços nas camadas que mais perderam ao longo de anos anteriores.

As análises conservadoras realizadas pelo mercado financeiro e divulgadas pelos meios de comunicação vêm destacando os salários e seus aumentos reais como vilões da inflação. Todas essas análises pretendem deter as possibilidades de a recente melhora na distribuição de renda continuar se dando pelo aumento da massa salarial.

Há pouco tempo, a obsessão dos conservadores se concentrava no aumento da taxa básica de juros como instrumento para deter a inflação. Com o recente relevo dado aos salários, a questão dos juros cede um pouco seu espaço, mas no fundo o caminho apontado por ambas as análises é igual. O controle da inflação deveria se dar, segundo essas visões, pelo aperto sobre os assalariados e trabalhadores como um todo, sem pedir sacrifícios principalmente para o setor financeiro.

Fonte: CUT Nacional

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