Bancários do ABC/SP. Agências vão abrir com atraso
Vinicius Gorczeski Especial para o Diário
Sem avanço nas negociações salariais, bancários da região iniciam amanhã mais uma rodada de manifestações. Desta vez, eles prometem atrasar a abertura das agências em uma hora. A primeira cidade a ser atingida pela medida é Santo André, onde 25 unidades deverão ser afetadas, segundo o Sindicato dos Bancários do ABC. Mauá, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires também serão palco de manifestações, que envolverão 84 agências.
Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 12,8%. A proposta, que inclui ainda cláusulas sociais, foi encaminhada aos banqueiros no dia 12 de agosto, mas o sindicato dos bancários reclama que não houve retorno dos patrões e, por isso, iniciam as manifestações, que podem terminar em greve (veja mais ao lado).
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro quanto Sindicato, Carlos Cordeiro, diz que a Federação Nacional dos Bancos vai divulgar sua contraproposta até o dia 20. Mas os trabalhadores consideram o prazo longo, já que a data-base da categoria é 1º de setembro. Além disso, há preocupação de que a proposta não atinja os anseios da categoria. "Nos disseram que passavam por dificuldades, mas piso de R$ 1.250 não condiz com a rentabilidade dos bancos, sendo que as principais instituições privadas pagam 400 vezes mais aos seus executivos do que a PLR (Participação nos Lucros e Resultados)", declara Cordeiro.
REIVINDICAÇÕES - O piso dos trabalhadores é dividido em duas faixas. Escriturário ganham R$ 1.250 e caixa, R$ 1.709. O sindicato pede elevação para 2.297,51 aos escriturários e R$ 3.101,64 aos caixas.
Entre cláusulas sociais, reivindicam reforço na segurança das agências, melhora nas condições de trabalho, auxílio-creche e alimentação de R$ 545 cada, além de contratação de remuneração total (alguns bancos fazem remuneração variada). Também buscam estender a previdência complementar para instituições privadas.
"Disseram não para tudo. Se comprometeram só a renovar as que já existem", explica a presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Maria Rita Serrano. Auxílio-creche hoje paga R$ 214 e alimentação, R$ 300.
Em relação à PLR, os trabalhadores pedem R$ 4.500 mais três salários-mínimos. Os bancos, conta Maria Rita, disseram que concederam reajustes acima da inflação nos últimos oito anos e que, hoje, não haveria condições de elevar tanto os percentuais. "Como não vão aumentar sendo que lucros cresceram 35% no último ano?", questiona a sindicalista.
Sindicato não descarta greve para pressionar bancos
A decisão da Federação Nacional dos Bancos em oferecer contraproposta salarial aos trabalhadores do setor apenas no dia 20 (a base pede 12,8%; sendo 5,4% de aumento real) gerou tensão. Como resultado, a greve já é opção real entre os trabalhadores, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Carlos Cordeiro.
"Não nos apontaram caminho (sobre negociações salariais), mas, se for necessário, vamos construir uma greve ainda maior que a do ano passado. Estamos totalmente preparados para isso", afirma.
Em 2010, trabalhadores do setor pararam diversas unidades bancárias em todo o País. Cordeiro sustenta que existem hoje no Brasil 470 mil funcionários do segmento. Na região, onde são 7.500 trabalhadores (5.500 filiados aos Sindicato dos Bancários do ABC), por sua vez, foram 20 dias de agências fechadas, diz a presidente do sindicato, Maria Rita Serrano. As mobilizações refletiram em correções de renda em 8%, com aumento real de 3,5%, mais reposição da inflação.
Fonte: Diário do Grande ABC – Santo André-SP.
Quarta-feira, 14 de setembro de 2011
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