No quarto dia de greve nacional, bancários paralisam 7.865 agências
Crédito: Gerardo Lazzari/Seeb São PauloBancários e trabalhadores dos Correios em passeata conjunta em SP
A greve nacional dos bancários cresce ainda mais em todo o país. Nesta sexta-feira (30), quarto dia de paralisações, a categoria parou 7.865 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em 25 estados e no Distrito Federal. O balanço foi feito pela Contraf-CUT, a partir dos dados enviados pelos sindicatos até as 18h30.
O movimento vem aumentando desde a sua deflagração na terça-feira (27). O único estado sem greve continua sendo Roraima, porém os bancários já decidiram paralisar a partir da próxima segunda-feira (3).
O dia foi marcado por novas passeatas e manifestações dos bancários em conjunto com os trabalhadores dos Correios, que aumentaram nos últimos dias em diversas capitais dos estados. "A unidade dos bancários e dos trabalhadores dos Correios é uma resposta ao silêncio dos bancos e do governo. O melhor caminho é o da negociação com proposta decente para que possa ser apresentada aos trabalhadores", avalia o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
"O Brasil é um dos países com maior desigualdade entre os salários. Aqui, um executivo de banco chega a ganhar 400 vezes a renda de um bancário que recebe o piso da categoria. É preciso mudar essa situação, que contribui para que mantenhamos uma vergonhosa posição entre as dez nações mais desiguais do planeta", sustenta o presidente da Contraf-CUT.
A Fenaban ainda não entrou em contato com a Contraf-CUT, que coordena o Comando Nacional dos Bancários, para retomar as negociações. "Enquanto os bancos não apresentarem uma proposta decente, a greve seguirá crescendo em todo o país. Permanecemos à disposição para dialogar com o objetivo de construir um acordo que atenda às reivindicações da categoria. A retomada das negociações depende dos bancos e do governo", sustenta Cordeiro.
Os bancários entraram em greve após rejeitarem a proposta de reajuste de 8% sobre os salários. Os trabalhadores reivindicam reajuste de 12,8% (5% de aumento real), valorização do piso, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mais contratações, fim da rotatividade, fim das metas abusivas e do assédio moral, mais segurança, igualdade de oportunidades e melhoria do atendimento aos clientes.
Bancários em passeata agitam o centro do Recife
Crédito: Seec Pernambuco
Logo no início da manhã de quinta-feira, dia 29, o movimento já era intenso na sede do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Muitos bancários e dirigentes sindicais, inclusive do interior do Estado, preferiram se concentrar na entidade e marchar em bloco para o local do início da passeata: o prédio do Banco do Brasil na Rio Branco.
Lá, se juntaram a outros bancários que se depararam com uma cena inusitada. Por coincidência ou não, justamente naquele dia, funcionários terceirizados tinham sido chamados para lavar a escadaria e a área de entrada do prédio, onde tradicionalmente se reúnem os manifestantes. Mas os bancários não se fizeram de rogados: mesmo com os degraus molhados, ocuparam a escada e o hall.
Um grupo de teatro se apresentou e arrancou aplausos dos trabalhadores e de alguns cidadãos que estavam por perto. Bancários, dirigentes sindicais e representantes dos movimentos sociais se revezaram no microfone.
Estavam presentes a CUT (Central Única dos Trabalhadores) estadual e nacional, movimento estudantil, trabalhadores dos Correios e de telemarketing, além de várias entidades representativas dos bancários.
Era hora de iniciar a marcha: os grevistas receberam apitos, óculos, bandeiras, cartazes e outros adereços. E seguiram pela Avenida Rio Branco, ocupando toda a faixa da direita, com apoio da CTTU e da Polícia Militar.
Gente de bancos privados, de bancos públicos, com muitos anos de luta ou recém iniciados na carreira... todos eles mostravam confiança no movimento. "Vamos seguir firmes na greve. Não apenas na passeata, mas garantindo o fechamento das agências amanhã", conclamou Fernando Soares, funcionário do HSBC.
Rodrigo Bento, com apenas oito meses de trabalho no Banco do Brasil, contou que, em sua agência, no Bairro Novo, existem sete trabalhadores que entraram este ano no banco. Todos eles aderiram à greve. "Fechamos, inclusive, outras agências. E, ontem, conseguimos parar todo o corredor de Olinda até o Janga. Vamos repetir a dose amanhã (sexta) e nos outros dias", garantiu o bancário.
A passeata saiu do Recife Antigo, cruzou a ponte, passou pela 1º de Março, Avenida Guararapes, Rua do Sol até chegar ao Bradesco da Concórdia. Com apitos e disposição, o grupo entrou na agência. Dez policiais faziam a guarda da unidade, mas não interferiram no movimento.
A presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, e um grupo de diretores se reuniram com a gerência e chegaram a um acordo: as pessoas que já estavam no local seriam atendidas e o banco fecharia depois disso.
Enquanto os clientes eram atendidos, os trabalhadores renovaram o fôlego com um lanche: o "X-Greve" com refrigerante. Por volta das 13 horas, o grupo realizou assembléia na própria agência e ratificou a continuidade da greve por tempo indeterminado. E seguiram em direção à Boa Vista, onde realizaram atos e garantiram o fechamento de todas as agências que ainda estavam abertas.
Fonte: Contraf-CUT
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