segunda-feira, 23 de abril de 2012

II Fórum Pernambucano de Segurança cobra prevenção contra assaltos
Crédito: Seec Pernambuco
Segurança une João Rufino, Jaqueline Melo e Ademir Wiederkehr

O Sindicato dos Bancários de Pernambuco realizou na quinta-feira (19) o II Fórum Pernambucano sobre Segurança Bancária, em Recife. O evento contou com a participação de diversas autoridades e representantes de bancários e vigilantes. "Foi um encontro muito importante, principalmente neste momento em que toda a sociedade está unida contra a falta de segurança nos bancos, não só em Pernambuco como em todo o Brasil", afirmou a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

As primeiras mesas de debate juntaram vários segmentos da sociedade civil organizada. No primeiro painel, a representante do Procon Recife, Raquel Morais, e o delegado de Roubos e Furtos, José Cláudio, falaram sobre os novos rumos para a segurança das agências no Recife.

Segundo Raquel, vários bancos autuados pela instituição sequer apresentaram defesa administrativa. E, entre os que o fizeram, algumas argumentações são absurdas. "Um deles alegou, por exemplo, que não havia necessidade de biombos entre os caixas porque já existiam as faixas amarelas marcadas no chão. Como se as marcas pudessem garantir qualquer segurança ou privacidade nas operações executadas pelos clientes", disse.

Para José Cláudio, a negligência dos bancos é tanta que está atraindo para este crime muitos bandidos que não tinham antecedentes neste tipo de ação. "E isso é um perigo. Porque a vida dos bancários e clientes fica ainda mais vulnerável quando se lida com bandidos inexperientes", observou o delegado.

Descaso dos bancos

Na segunda mesa, as discussões foram centradas nas ações do movimento sindical, em todo o Brasil. O secretário de Imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, falou em nome dos bancários e Moisés Alves representou a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV).

Ademir é representante dos bancários na Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), do Ministério da Justiça, e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. As estatísticas, pesquisas e levantamentos apresentados por ele dão conta do tamanho da falta de interesse dos bancos em investir na proteção à vida dos clientes e trabalhadores.

No ano passado, os principais bancos acumularam R$ 50,7 bilhões em lucro. Investiram apenas R$ 2,6 bilhões em segurança, ou 5,2% daquilo que ganharam. Os bancos que mais lucraram estão também entre os menos gastaram com segurança. O Itaú, por exemplo, teve lucro de R$ 14,6 bilhões e investiu apenas R$ 482 milhões.

Os dados apresentados por Ademir também revelam que o número de assaltos é proporcional ao investimento em segurança. "As estatísticas da própria Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostram que houve uma queda progressiva no número de assaltos desde 2000. No entanto, de 2010 para 2011, o registro de ocorrências subiu bastante. Ora, as portas com detector de metais foram implantadas no final dos anos de 1990. E foi justamente entre 2010 e 2011 que elas começaram a ser retiradas por alguns bancos, como o Itaú", apontou o dirigente.

O número de mortes em assaltos envolvendo bancos subiu 113% entre 2010 e 2011, passando de 23 casos para 49. Outra ação que teve um crescimento vertiginoso neste período foram os chamados assaltos de "saidinha de banco", que mais do que triplicaram, passando de dez para 32 registros.

"Os bancários defendem a colocação de portas antes do autoatendimento, vidros blindados nas fachadas, câmeras internas e externas com monitoramento em tempo real, biombos entre a fila de espera e os caixas, divisórias entre os guichês e os caixas eletrônicos, e isenção de tarifas para operações de transferência de recursos, como TED e DOC", destacou Ademir.

Para Moisés Alves, apesar destes números, a ação integrada entre bancários, vigilantes e outros segmentos da sociedade tem surtido efeito. Em vários estados e municípios, tem sido sancionadas legislações mais avançadas que a lei federal que disciplina a segurança bancária.

E a Justiça tem sido unânime em negar os recursos dos bancos e afirmar que estados e municípios tem, sim, competência para tratar deste tema. Ao mesmo tempo, as entidades têm atuado em várias frentes para buscar a atualização da legislação federal. Desde 2007, existe um Projeto de Lei que cria o Estatuto de Segurança Privada, que vem sendo objeto de várias audiências e reuniões na Polícia Federal e no Ministério da Justiça.


Fonte: Contraf-CUT com Seec Pernambuco

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