Pesquisa do Ipea destaca que tarefas domésticas
no Brasil mantêm divisão desigual entre homens e mulheres
24/05/2012
Escrito por: Rede Brasil Atual
Pesquisa divulgada nesta quarta (23) pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) não traça um cenário exatamente novo para as relações
de gênero dentro dos lares brasileiros. Pelo contrário, reforça que continua
cabendo às mulheres o desempenho de tarefas domésticas, questão que, para os
pesquisadores, demonstra a manutenção de uma visão tradicional sobre o assunto.
O comunicado “Trabalho para o mercado e trabalho para casa”
elenca, além da questão cultural direta, alguns fatores indiretos que explicam
que 89,9% das mulheres desempenhem afazeres em casa, contra 49,9% dos homens. A
partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE,
os especialistas apontam que a jornada no mercado de trabalho é, ainda, maior
entre os trabalhadores do sexo masculino, que também obtêm melhores salários,
mesmo em funções similares. “Supõe-se que quem aufere maior renda dedica mais
tempo ao trabalho remunerado e possui mais poder de barganha para negociar o
tempo dedicado ao trabalho produtivo”, observa o Ipea.
Além disso, a maternidade toma mais horas que a paternidade. Mulheres
com cinco filhos ou mais gastam 33,8 horas por semana em tarefas domésticas,
contra 10,3 horas dos homens nas mesmas condições – entre os que não têm
filhos, a média fica em 25,9 e 11,7 horas, respectivamente. “Assim, não importa
se a mulher tem uma alta renda, se é considerada chefe de família, se está
ocupada; ela sempre gastará mais tempo com afazeres domésticos que os homens
nas mesmas posições.”
Para os pesquisadores, é desde cedo que se começa a formar uma
cultura de que meninas devem trabalhar em casa, e meninos, fora. Já entre 5 e 9
anos as crianças do sexo feminino despendem 6 horas semanais nas tarefas
domésticas, contra 14,6% entre os meninos, que fazem cinco horas, em média.
A conclusão do comunicado é de que o poder público deve ter uma
atuação no sentido de desfazer uma cultura de diferenciação por gênero. “Se o
pressuposto de que a igualdade entre todos deve ser substantiva e a todos os
cidadãos e cidadãs devem ser garantidas oportunidades equivalentes de
autonomia, de busca pela felicidade, de acesso aos bens e serviços produzidos
pela sociedade e de usufruto de uma vida saudável e com bem-estar, cabe também
ao Estado atuar no sentido de reverter o quadro de desigualdade existente no
âmbito privado familiar”, aponta.
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