sexta-feira, 29 de junho de 2012

BTG Pactual negocia compra do BMG,
especializado em crédito consignado
Depois de ver frustrada sua tentativa de comprar o Banco Cruzeiro do Sul, o BTG Pactual está determinado a adquirir o controle do mineiro BMG, também especializado em crédito consignado, como o Cruzeiro.
As duas instituições começaram a conversar antes mesmo da intervenção no Cruzeiro, no início do mês, mas a negociação ganhou força nas últimas semanas, conforme piorou a condição de funding para as instituições de médio porte.
A decretação do Regime de Administração Especial Temporária (Raet) no Cruzeiro do Sul apertou o quadro de liquidez já restrita para os bancos de menor porte. Até o momento não se chegou a um acordo e uma nova rodada de conversas deve ocorrer na próxima semana.
A família Pentagna Guimarães, controladora do BMG, sempre indicou que não queria se desfazer de fatia majoritária do banco. Mas agora estaria avaliando essa possibilidade, a única que interessa ao BTG. A ideia em discussão é que o banco de André Esteves assuma o controle, mas que a família mineira permaneça como acionista relevante do banco.
Antes de engatar as conversas com o BTG, os Pentagna Guimarães conversaram com ao menos dois outros investidores, mas as negociações não progrediram. Um deles, apurou o Valor, é o banco chinês ICBC (Industrial and Commercial Bank of China).
A intenção do BTG é fundir as operações do BMG com o PanAmericano, assumido há um ano e meio. Até hoje o BTG ainda não conseguiu engrenar a operação do PanAmericano como gostaria. O BMG é uma instituição com forte capacidade de originação de operações de crédito, o que encaixaria com o PanAmericano, que detém farto acesso a funding e tem gerado pequeno volume de negócios.
Por outro lado, o funding do PanAmericano interessa e muito ao BMG. Pelo acordo em que o BTG assumiu o banco que pertencia ao empresário Silvio Santos, fechado no ano passado, ficou acertado que a Caixa Econômica Federal, sócia do PanAmericano, abriria uma linha de financiamento de R$ 10 bilhões para o banco.
A maior parte dessa linha não tem sido usada e tem um custo bem inferior ao que o BMG paga para captar. Estima-se que a linha da Caixa tenha um custo de 107% do CDI (pouco mais de 9% ao ano), enquanto o BMG paga CDI mais 2% a 3% para captar via venda de carteiras de crédito a grandes bancos (algo entre 10,5% e 11,5% ao ano).
Segundo o Valor apurou, o BMG está em busca de uma injeção de capital da ordem de R$ 1 bilhão, o que poderia ser obtido na transação com o BTG.
A cifra leva em conta a necessidade atual e as novas regras de capitalização dos bancos de Basileia 3, que começarão a ser implementadas em 2013 e exigirão mais capital dos bancos de forma geral.
Nova norma contábil implementada em janeiro deste ano pelo Banco Central já está demandando mais força financeira dos bancos menores.
A partir deste ano, quando um banco cede operações de crédito a outras instituições e, pelo contrato, continua responsável por parcela substancial dos riscos (coobrigação), não pode mais se apropriar da receita dessa venda no ato da operação.
Tem que diferir essa receita ao longo do prazo de duração da carteira de crédito. Isso estancou uma receita importante que os bancos menores tinham e que engordava seus resultados e seu patrimônio.
Ontem, a Comissão de Fiscalização Controle (CFC) da Câmara aprovou a proposta de auditoria na compra do Banco Schahin pelo BMG. Os parlamentares querem apurar se houve irregularidades na operação de aquisição do banco, que aconteceu depois de um empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Fonte: Vanessa Adachi - Valor Econômico

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