BTG Pactual negocia compra do BMG,
especializado em crédito consignado
Depois de ver frustrada sua tentativa de comprar o Banco
Cruzeiro do Sul, o BTG Pactual está determinado a adquirir o controle do
mineiro BMG, também especializado em crédito consignado, como o Cruzeiro.
As duas instituições começaram a conversar antes mesmo da
intervenção no Cruzeiro, no início do mês, mas a negociação ganhou força nas
últimas semanas, conforme piorou a condição de funding para as instituições de
médio porte.
A decretação do Regime de Administração Especial Temporária
(Raet) no Cruzeiro do Sul apertou o quadro de liquidez já restrita para os
bancos de menor porte. Até o momento não se chegou a um acordo e uma nova
rodada de conversas deve ocorrer na próxima semana.
A família Pentagna Guimarães, controladora do BMG, sempre
indicou que não queria se desfazer de fatia majoritária do banco. Mas agora
estaria avaliando essa possibilidade, a única que interessa ao BTG. A ideia em
discussão é que o banco de André Esteves assuma o controle, mas que a família
mineira permaneça como acionista relevante do banco.
Antes de engatar as conversas com o BTG, os Pentagna
Guimarães conversaram com ao menos dois outros investidores, mas as negociações
não progrediram. Um deles, apurou o Valor, é o banco chinês ICBC (Industrial
and Commercial Bank of China).
A intenção do BTG é fundir as operações do BMG com o
PanAmericano, assumido há um ano e meio. Até hoje o BTG ainda não conseguiu
engrenar a operação do PanAmericano como gostaria. O BMG é uma instituição com
forte capacidade de originação de operações de crédito, o que encaixaria com o
PanAmericano, que detém farto acesso a funding e tem gerado pequeno volume de
negócios.
Por outro lado, o funding do PanAmericano interessa e muito
ao BMG. Pelo acordo em que o BTG assumiu o banco que pertencia ao empresário
Silvio Santos, fechado no ano passado, ficou acertado que a Caixa Econômica
Federal, sócia do PanAmericano, abriria uma linha de financiamento de R$ 10
bilhões para o banco.
A maior parte dessa linha não tem sido usada e tem um custo
bem inferior ao que o BMG paga para captar. Estima-se que a linha da Caixa
tenha um custo de 107% do CDI (pouco mais de 9% ao ano), enquanto o BMG paga
CDI mais 2% a 3% para captar via venda de carteiras de crédito a grandes bancos
(algo entre 10,5% e 11,5% ao ano).
Segundo o Valor apurou, o BMG está em busca de uma injeção
de capital da ordem de R$ 1 bilhão, o que poderia ser obtido na transação com o
BTG.
A cifra leva em conta a necessidade atual e as novas regras
de capitalização dos bancos de Basileia 3, que começarão a ser implementadas em
2013 e exigirão mais capital dos bancos de forma geral.
Nova norma contábil implementada em janeiro deste ano pelo
Banco Central já está demandando mais força financeira dos bancos menores.
A partir deste ano, quando um banco cede operações de
crédito a outras instituições e, pelo contrato, continua responsável por
parcela substancial dos riscos (coobrigação), não pode mais se apropriar da
receita dessa venda no ato da operação.
Tem que diferir essa receita ao longo do prazo de duração da
carteira de crédito. Isso estancou uma receita importante que os bancos menores
tinham e que engordava seus resultados e seu patrimônio.
Ontem, a Comissão de Fiscalização Controle (CFC) da Câmara
aprovou a proposta de auditoria na compra do Banco Schahin pelo BMG. Os
parlamentares querem apurar se houve irregularidades na operação de aquisição
do banco, que aconteceu depois de um empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito
(FGC).
Fonte: Vanessa Adachi - Valor Econômico
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