Congresso
do BB aprova moção por
trabalho decente e fim do assédio
moral
Crédito:
Jailton Garcia
Rede de
Comunicação dos Bancários
O 23º
Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizado em Guarulhos
de 15 a 17 de junho, aprovou na plenária a moção pelo trabalho decente e contra
o assédio moral.
A moção
foi apresentada pelo Sindicato do Ceará e tem por objetivo implementar uma
série de requisitos sobre trabalho decente e fim do assédio moral e das metas
abusivas. Para Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato, "a
justificativa do Banco do Brasil nas ameaças de perda de função por insubordinação
ou desvio de conduta para quem não teve desempenho em metas é burlar acordo
coletivo que garante proteção aos comissionados. Também é inaceitável a pressão
para que os bancários assinem termos de compromisso não previstos na norma do
Banco para justificar esse ilícito".
Confira a íntegra da moção pelo
trabalho decente e contra o assédio moral:
Pelo
resgate do papel de banco público do BB. Pela dignidade e valorização do
funcionalismo e a implementação do Trabalho Decente. Pelo fim do assédio moral
na cobrança de metas abusivas e nas relações de trabalho.
Nós,
delegados e delegadas reunidos no 23º Congresso Nacional dos Funcionários do
Banco do Brasil, realizado na cidade de Guarulhos/SP, nos dias 16 e 17 de julho
de 2012, vimos manifestar nosso repúdio a todo e qualquer ato discriminatório
de perseguição e punição aos colegas motivados pela cobrança de resultados.
O
fenômeno do assédio moral atinge a todos indistintamente. No médio e longo
prazos acabam por impactar a performance da própria empresa. Não é possível
manter a política da pressão institucionalizada por muito tempo, sem que isso
acarrete graves danos ao funcionalismo.
Quanto aos funcionários, os prejuízos são
imediatos e alguns de ordem irreparável. Além de financeiros, com a perda da
comissão de função, muitas vezes ficam "feridas" no corpo e na alma.
Essa
prática precisa ser duramente denunciada e combatida no BB, porque está além de
atos isolados praticados por alguns gestores da empresa, como o banco tenta
caracterizar. Trata-se de prática estrutural do BB, ou pior, estruturante da
filosofia de atuação da empresa no tocante à exigência de produção e
apresentação de resultados, em razão da sanha em disputar o mercado nacional,
tendo como paradigma o modelo de gestão e a concorrência com a banca privada.
Caso
recente praticado pela Superintendência Estadual do Ceará tipifica muito bem
essa filosofia. Após o cumprimento das metas do mês, houve ameaça de punir
gerentes com a retirada da comissão de função pelo não cumprimento de um
subitem (financiamento a veículos), dando-se prazo de uma semana para isso.
Tentativa flagrante de passar por cima do Acordo Coletivo de Trabalho, que
exige no mínimo três avaliações negativas consecutivas na GDP para o
descomissionamento. Isso é inadmissível. Querer punir, caracterizando como
insubordinação, e afirmar que trata-se de ato de gestão é mais grave ainda. Se
a moda pegar, todas as nossas contratações com a empresa passarão a ser
submetidas à instabilidade. É uma quebra de contrato que nem mesmo os banqueiros
privados ousam fazer.
Nossos
114 mil colegas estão cada vez mais, em nome dessa política, submetidos a todo
tipo de aviltamento. Hoje já são pessoalmente penalizados e processados
judicialmente quando o BB erra ou não garante condições adequadas de
atendimento aos clientes. Ou seja, com essa estrutura de negócios, o risco foi
terceirizado pelo banco para seus 110 mil funcionários.
Por isso
devemos dar um basta a essa situação e exigir que o BB cumpra os princípios
constitucionais do trabalho, como seu valor social e o da dignidade humana.
Além
disso, que retome seu papel social enquanto maior banco público do Brasil e se
paute pela ética na venda de produtos e serviços, como já implementado em
alguns países europeus.
Não à
responsabilização e criminalização de seus profissionais quando o erro é da
empresa Banco do Brasil;
Não à
imposição de metas abusivas e a dificuldade de seu cumprimento pelo próprio BB,
ao restringir sua política de crédito e não aprovar as propostas encaminhadas;
Que no
BB os ambientes sejam saudáveis e que a empresa efetive políticas de promoção
de saúde e qualidade de vida;
Pela
valorização de seu quadro funcional, revendo e estabelecendo nosso PCCS, que
traga a dignidade de volta às pessoas, fazendo com que ninguém seja mais refém
de sua função e por conta dela seja obrigado a se submeter a situações degradantes
para manter essa função;
Que
sejam, enfim, implementados todos os requisitos do Trabalho Decente e tenha fim
o assédio moral e as metas abusivas.
Sindicato dos Bancários do Ceará
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