Contraf denuncia precariedade do
emprego
bancário ao ministro do Trabalho
Brizola Neto concede audiência para Contraf-CUT em Brasília
A Contraf-CUT se reuniu na tarde desta quinta-feira (28) com
o Ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, para discutir os problemas de
emprego na categoria bancária, com destaque para a política de demissões e de
alta rotatividade praticada pelos bancos no Brasil. O encontro ocorreu no
gabinete do ministro, em Brasília.
Participaram Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT,
Eduardo Araújo, presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Brasília,
a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e Pedro Tupinambá, técnico do Dieese.
"A audiência foi positiva. Diante dos números que
apresentamos sobre a rotatividade no Brasil, o ministro mostrou preocupação com
o tema", afirma Cordeiro. Não é para menos. De acordo com a Pesquisa de
Emprego Bancário, realizada pela Contraf-CUT em parceria com Dieese, os bancos
criaram 23.599 novos postos de trabalho em 2011, mas intensificaram a
estratégia de reduzir a folha de pagamento por meio da rotatividade. A prova
disso é que o bancário admitido recebeu salário, em média, 40,87% inferior ao
dos trabalhadores desligados. Nos demais setores da economia, essa diferença é,
em média, de 7,1%.
"O instrumento para implementar essa política, que
diminui o salário dos bancários para aumentar os lucros dos bancos, foi a demissão
sem justa causa, que foi o motivo de 50,19% do total de 36.371 desligamentos no
ano passado. O Brasil é campeão da rotatividade. Em nenhum país da América
Latina encontramos índices tão elevados", critica Cordeiro.
"O nosso objetivo é denunciar a realidade trágica
vivida pelos bancários e lutar para que possamos levar nosso país para outra
realidade em que o emprego seja decente", ressalta o dirigente da
Contraf-CUT.
Itaú será chamado
pelo ministro
No diálogo com o ministro, a Contraf-CUT denunciou a
política de demissões e rotatividade colocada em prática pelo Itaú, com o
objetivo de reduzir ainda mais os seus custos para expandir as suas operações
na América Latina. Segundo estudo do Dieese, enquanto obteve lucro de R$ 3,4
bilhões no primeiro trimestre deste ano, o banco seguiu demitindo e fechou
1.964 postos de trabalho, uma redução de 7,4% em relação ao mesmo período ano
passado. Com isso, o Itaú acumula um corte de 7.728 vagas nos últimos 12 meses.
Em março de 2011, o Itaú possuía 104.022 funcionários,
diminuiu para 98.258 em dezembro e reduziu para 96.204 em março de 2012.
Enquanto isso, outros bancos geraram empregos. "A política do Itaú está na
contramão do crescimento do país", critica Cordeiro.
"O ministro mostrou preocupação com essa realidade e
afirmou que chamará o banco para explicar os motivos desta redução do
emprego", salienta.
De acordo com a deputada, que foi presidente do Sindicato
dos Bancários de Brasília, o compromisso do ministro de pedir esclarecimentos
ao Itaú é absolutamente importante para a categoria bancária. Segundo ela, é um
passo firme para romper com a postura de naturalização do processo de
rotatividade. "Não podemos agir como se essa prática dos bancos fosse
normal. E esse compromisso assumido pelo ministro é um indicativo disso",
aponta Érika.